A condição humana de sentir medo de novas situações numa vida controlada pela rotina
O homem convive constantemente com diversas emoções durante a sua vida. A vida é como uma montanha-russa, existem momentos felizes e momentos tristes. São esses altos e baixos que fazem com que a vida seja emocionante, afinal, se a linha da vida fica constante, significa que a pessoa está morta. As emoções de um ser humano não se resumem apenas a felicidade e tristeza. Existem milhares de emoções que inclusive são sentidas simultaneamente. Desejo, determinação, dúvida, preguiça, esperança, cansaço, ambição, ciume... Enfim, há inúmeros exemplos de sentimentos que estão presentes na vida de todos em alguma determinada situação. Mas uma das emoções mais complexas e mais presentes é o medo. Por mais corajosa que a pessoa seja, o medo habita a vida dela mesmo sem ela perceber com clareza. O medo extremo de alguma determinada situação é chamada de fobia. Existem vários tipos de fobias: agorafobia (medo de estar em lugares públicos cheios), fobia social (medo de estar exposto diante do olhar de outras pessoas) e fobias simples (aracnofobia, acrofobia...).
Um dos mais comuns é o medo do novo. As pessoas costumam sentir medo do desconhecido, de não saber em que território ela está pisando. O novo pode ser muito bom, mas é preciso dar o primeiro passo para conhecer e descobrir. Algumas pessoas tem mais facilidade em driblar essa questão, sentem o frio na barriga e dão a cara à tapa. Mas muitas outras pessoas ficam paralisadas quando é necessário um enfrentamento de uma situação desconhecida. Todo esse pavor é causado pelo conforto. A vida segue uma rotina constante e qualquer mudança é motivo de preocupações e temores, porém, como já foi dito, essa constante da linha da vida é justamente o sinônimo de morte. O problema é que as pessoas já são habituadas à buscar uma estabilidade completa, querendo ter resposta para tudo e não deixando que haja surpresas no meio do caminho.
O temor do desconhecido culmina com uma questão: o medo de agir e do que os outros vão pensar. Uma questão muito bem levantada pelo meu colega estopiniano Gessony, é que muitas pessoas usam as redes sociais, tão popularizadas nessa era digital, para se promover e para se mostrar para o mundo. Mas numa sociedade que prioriza cada vez mais as aparências, a grande maioria faz isso de uma forma quase que "neutra", com receio de colocar suas opiniões verdadeiras e críticas, por conta do medo de réplicas, discordâncias e de "o que os outros irão pensar". O mundo deveria prezar pela diversidade de opiniões e pela capacidade de apreciar o frio na barriga que dá enfrentar uma situação de risco, mas não é o que normalmente acontece.
Uma frase de Clarice Lispector explica bem essa questão do medo do novo: "Tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação."
Mas, paradoxalmente, há outra frase de Clarice que fala sobre procurar se desvencilhar do medo e ir ao encontro de novas experiências na vida: "Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento".
Ou seja, todos temos medos de agir em algumas situações que exploram o novo, mas todos temos que superá-los em algumas ocasiões para podermos aproveitar plenamente a vida. O cotidiano e a acomodação não podem dominar o homem por completo, a esperança de boas novas e a criatividade é que devem tomar mais espaço.
quinta-feira, 19 de julho de 2012
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