Morador de rua acha bolsa com 20 mil reais e devolve à polícia de São Paulo porque sua mãe o ensinou a nunca pegar o que não é seu.
Uma notícia chamou a atenção da grande mídia por conta de um ato de cidadania. Um casal de moradores de rua de Tatuapé, em São Paulo, foram acordados por volta das 3 e meia da manhã por um alarme de uma empresa de ferragens e uma movimentação perto do local aonde eles estavam, na Radial Leste. Ao dar uma olhada no que estava acontecendo, eles encontraram uma bolsa jogada na grama. Para o espanto deles, ao abrirem, encontraram sacos de lixo e envelopes cheios de dinheiro. Haviam 17 mil reais em notas e 3 mil reais em moedas.
Eles poderiam muito bem ter se apossado do dinheiro que mudaria a vida deles, já que eles viviam embaixo do viaduto e ganham dinheiro e comida de doações e de cerca de 15 reais que o homem ganha por dia como catador de produtos recicláveis. Mas a consciência deles falou mais alto, e eles pediram para ligarem para o 190 para que pudessem devolver o que acharam.
A polícia, que também se surpreendeu com a atitude do casal, descobriu que o dinheiro era fruto de roubo de um restaurante de comida japonesa. Esse dinheiro havia sumido do estabelecimento na semana passada.
Os proprietários são do restaurante Hokkai Sushi, que faz parte do Grupo Itiban, que engloba frigoríficos e peixarias. Os sócios do restaurante ficaram muito felizes ao recuperar os seus pertences, admirando os dois simpáticos moradores de rua que, por mais que tenham inúmeras dificuldades, fizeram uma boa ação.
O casal ficou "famoso" de um dia para o outro. Todos os veículos de comunicação ficaram em cima deles para fazer entrevistas, matérias, dar auxílio e mostrar a história de vida dos dois. Mas nem tudo são flores, eles foram ameaçados por um sujeito que passava ali perto, dizendo que não era para eles terem entregado o dinheiro para a polícia e ficaram amedrontados, querendo ir embora de lá. O rapaz foi detido como suspeito de ser um dos autores do roubo do restaurante, enquanto o casal foi abrigado em um hotel para proteção e para que tudo seja melhor investigado.
Apesar disso, o casal continua pela região desfrutando dos benefícios de sua bondade. Rejaniel de Jesus da Silva Santos, de 36 anos (que veio do Maranhão para trabalhar como pedreiro com o irmão, se casou e teve um filho, mas perdeu os contatos e o emprego, passando a viver na rua) e sua companheira Sandra Regina Domingues, que não sabe a sua própria idade, receberam mais que agradecimentos. Depois de anos comendo restos em cima de um colchão velho ou de caixas, eles almoçaram comidas de qualidade em uma mesa com talheres. Receberam tratamento dentário, passaram pelo cabeleireiro, ganharam roupas novas, sapatos e ganharam viagens do "Programa do Ratinho". Eles irão passar uma semana no Maranhão (aonde vive a família de Rejaniel Santos, com quem ele não tem contato há mais de 16 anos) e outra no interior de São Paulo (aonde vive a família de Sandra Domingues).
O casal também não recebeu apenas um "muito obrigado" dos sócios do restaurante japonês. Os sócios disseram que iriam arcar com as despesas caso Rejaniel quisesse voltar para o Maranhão e também ofereceram uma nova oportunidade: trabalho e cursos profissionalizantes. “Oferecemos a eles um leque de funções na empresa e o Rejaniel se encantou com o frigorífico. Acho que ficará por lá mesmo”, disse Miguel Kikuchi, um dos sócios da empresa.“Quando retornarem vão começar a trabalhar. Enquanto isso, vamos procurar um local para eles morarem. Nos surpreendeu pessoas que não têm o que comer, que estão passando frio, encontrarem algo que poderia resolver momentaneamente o problemas delas e devolver. Sem saber, optaram pela solução definitiva, que vai consertar a vida delas para sempre." Comenta o outro sócio do restaurante Daniel Uemura, que também é diretor comercial da Itiban e é ator. Uemura ainda vai levar o casal para assistir a peça "A Liga do Improviso", no qual ele atua. Rejaniel Santos e Sandra Domingues nunca foram ao teatro antes.
Agora que a história desse casal foi contada através do que foi veículado pela mídia. Algumas questões devem ser salientadas. Primeiramente, será que os dois continuarão sendo tratados dessa forma depois de algum tempo? Pois eles só estão recebendo essa benevolência com a mídia em cima. Espero que continuem sendo agraciados pelo merecimento de sua boa ação e que essa história não fique esquecida ou que eles não sejam deixados para trás quando a "fama" deles esfriar, afinal, a oportunidade da vida deles dar uma guinada surgiu com as oportunidades que eles receberam como premiação;
Outra questão importante é: por que essa história é tão surpreendente? Os dois só fizeram o que qualquer cidadão de bem deveriam fazer. Mas o que torna tudo tão inusitado é que eles fizeram o certo num país em que a malandragem e o "jeitinho brasileiro" impera. Eles poderiam ter pego o dinheiro, mas decidiram fazer o correto. Hoje em dia, numa sociedade cada vez mais individualista e dominada pelos "mais espertos", uma boa ação é digna de matéria de capa. Ainda há o fato de que o casal vive na extrema pobreza e poderia ter conseguido o dinheiro fácil, sem esforço. Muita gente deve pensar que eles foram "burros", que era para eles terem ficado com o que encontraram, afinal, "achado não é roubado". Mas a consciência e o caráter não se mede pelo nível social ou pelo poder, e sim, vem de berço. Como o próprio Rejaniel Santos disse: "A única coisa em que eu pensei foi ficar ali e acionar o 190. Quando os policiais chegaram e viram a quantia não acreditaram que eu estava devolvendo o dinheiro. Eu parei para pensar no que minha mãe falou para mim, para nunca roubar nada que é dos outros."
Aposto que muita gente com mais escolaridade e com um conforto social maior pegaria o dinheiro e não faria o certo. Por isso o ato de cidadania do casal é considerado louvável e fora do comum.
Mas e você, devolveria?
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário